À Praça
À Iara Assessú
Certa vez, eu disse:
Não me lembro qual vez
Sequer lembro o que disse
Pode ter sido há um mês
Ter dito a boca de Eunice
Sei que falei o que na hora li
Lira, litro, lívido, enciclopédia
Tudo pedia para que eu dissesse
Barulho, zoada, onomatopéia
Sem hematoma na língua, eu disse
O que eu disse, desapareceu
Foi tomar café no Café Nice
Foi sentir saudades no Liceu
Listou, legou, lidou, amanheceu
Mas o que eu disse certa vez
Não foi em árabe ou libanês
Foi o que eu tive n’aquela hora
Uma casa, um elefante, uma amora
Um sorriso elegante à mostra
Não lembro. Por dentro ou por fora
Por hora, antes, depois, não sei
Eu sei é que no ato de dizer
Senti que era tudo para ver
Ave, veia, vela, avelã, valeu o dia!
Meus deuses ajudaram na poesia
Certa vez eu disse o que foi de fato
Na cidade, como pelo mato
Lenha, cuia, curva, senha, sorver
Fui ao passeio na praça com você
Foi isso que eu disse...
Geslaney Brito
Massa!
ResponderExcluirGrande Manno!
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