terça-feira, 6 de março de 2012
domingo, 23 de outubro de 2011
A Flor e o Bumbá
A Flor e o Bumbá
À amiga Ana Barroso
Ars a todo vapor e núvem
Ars a todo vapor e núvem
Ah... a profusão de cores
Os brincantes se refazem
Entrecosturando-se
Para sempre amém!
Amem...
A quem flor e a quem pense
Derramem-se nas fitas
Por infindáveis segundinhos
Pois, enquanto fitam
Enquanto nos encandeiam
De retalhos e vitrais
Avisto e guardo em mim!
Para sempre, amém!
domingo, 2 de outubro de 2011
Cordel
de santo
Iara Assessú
Há muito crivo
Há muito, tempo
Quando o desvio resolve
se atirar
Há muito, alivio
Seus braços, conga
Seu olho ensina como respirar
Como espinho em pé de realeza
Mesmo a incerteza não para de andar
Quando seus olhos se viram de horizonte
É mar de monte a cor do pesar
Quando o crioulo do pé pisa a noite
Pesa e reversa o triste, andar
Mesmo que o verso embebede a noite
A sede conversa na boca do olhar
Há muito ando
Há muito espinho
E mesmo os pés espinham, se não há
Há muito, arrego
Seu gosto canto
Cordel de santo escreve o que olhar
Aí, viagem... aí, chuva ligeira
A janela é porta de voar
O vôo é passo de horizonte
É mar de ponte a cor, teu olhar
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Ao pó
(poema musicado por Daniel Oliveira)
É...
Nem pêra sobre a mesa
Nem fotografia antiga
Nem barriga, nem curva
Nem turma, nem pressa
Refinaria, represa, uva
Esquina, garrafa de vinho
Livro, janela, dançarina
Cortina, goela, chuva
Nem pedra, nem pecado
Nenhum cuidado na pele
Nem perto demais pro olhar
Nem perdas, nenhum bocado
Vidro, perfume, vela, pavio
Lírio, desvio, lume, navio
Vício, loucura, luto, labuta
Cristo, silêncio, fome, fartura
Nem sede sobre o pote
Nem caligrafia, nem arte
Nem putaria, prenda, dote
Nem monte, Vênus, Marte
Saveiro, veleiro, canoa
Copo de loa, tempo de bote
Mote, peito, cara, coroa
Corpo celeste, faca de corte
Nem mote, nem verde abacate
Nem glote, pó, língua, biscate
Não corra mais do que o pé
Partir, não é mais do que é.
Geslaney Brito
Nem pêra sobre a mesa
Nem fotografia antiga
Nem barriga, nem curva
Nem turma, nem pressa
Refinaria, represa, uva
Esquina, garrafa de vinho
Livro, janela, dançarina
Cortina, goela, chuva
Nem pedra, nem pecado
Nenhum cuidado na pele
Nem perto demais pro olhar
Nem perdas, nenhum bocado
Vidro, perfume, vela, pavio
Lírio, desvio, lume, navio
Vício, loucura, luto, labuta
Cristo, silêncio, fome, fartura
Nem sede sobre o pote
Nem caligrafia, nem arte
Nem putaria, prenda, dote
Nem monte, Vênus, Marte
Saveiro, veleiro, canoa
Copo de loa, tempo de bote
Mote, peito, cara, coroa
Corpo celeste, faca de corte
Nem mote, nem verde abacate
Nem glote, pó, língua, biscate
Não corra mais do que o pé
Partir, não é mais do que é.
Geslaney Brito
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
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Poesia de Saci
Pro Saci
Tá vindo...
Ué! Passou.
Poesia é assim
Ninguém pega
Quando ela não quer
Mesmo querendo
Igual relento
O pé de vento
Do Saci
Lá vem outra
Rodando e fechada
Como ostra
Nunca vai se abrir
Deixa passar
Que vem outra
O pé de vento
Do Saci
Poesia é assim
Ninguém coisa
Só o lindo
Sem fantasia
Vindo outra
Com muita rima
Deixa ela
Se reinventar
Saci
Tá vendo
O que passou?
É passarada
Ninguém pega
Ficavoando...
Ritmo de asa
Piquesconde
Palavra
De Saci
Geslaney Brito
Venda feita de prosa
Ao amigo Reginaldo Bello
E eu quero falar uma lôa
Depois, tomar uma pinga
Jogar a parte do santo
Fazer parte do samba
Do que se faz no balcão
Fazer a careta de sempre
Imitar o grito da feira
Inventar uma letra qualquer
Entender o processo da lua
O porquê que nascemos aqui
Nessa ciranda das horas
Que levantam o pó da
esquina
E revelam o peso do ombro
No tempo que roda a ciranda
Eu quero cantar um aboio
De conduzir minha cabeça
Largar uma dose de rima
Sem rimar palavra com outra
Quero dançar num abraço
O "mais grande" do
mundo
Que os amigos descrevem
Quando nos presenteiam
Quando nos encanoam
Dos beirais São Francisco
Dos sombrais das varandas
Das palhas e palhas do sol
Com poesia de saudar e
salvar
Um brinde à barca dos
homens
Quero beber desses dias
Que se passam nos balcões
Das vendinhas de duas
portas
Dessas que nos realinham
No som da garrafa e da
goela
E nas coisas dependuradas
Lá onde as curvas ventilam
E recompõem nossa força
Pra nossa dor não doer
Mais que a que sentimos
Quero brindar ao Pessoa
Lá pelas frestas da arte
Essa que aproxima de nós
Na medida em que deixamos
A arte descer goela abaixo
Feito rio, trabalho, fumaça
Feito essa graça de todo
dia...
De entender os desenhos
Que as nuvens descrevem
Enquanto aguardamos a noite
Pra inventar alguma canção
De cinqüenta frases e
pedras
Geslaney Brito
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Engenho
(Ao
amigo Tatá)
Engenho
novo engendra outros...
Empenho-me
em compreender os novos
Novo
dia, nova invenção, novo ovo
Porção
de tempo maturando-nos
Somos
como hera, eu quase sei
Quase
sei do mecanismo que passa
Sem
os arranhos, sem as ferrugens
Não
se aplica às engrenagens
Não
é o tempo capital - esse que range
É
o tempo do tempo que pássaro
Que
asa sem pressa, sem comprimir
Vai
querendo ir e ri dos que vão correndo
Corre
sem se aleijar dos joelhos
Enquanto
isso a cidade se pica
Pica-se
de crescimento sem vôos
Sem
ver as cacundas do entorno
Sem
ver quem coaduna com praça
Periferia
que engendra existência
Relógio
sem pilhas, radinho de venda
Balcão
e trabalho e passado e quereres
Um
tempo que passa sem o dinheiro
Novo
dia, nova ilusão, novo ovo
Novo
engenho; estar muito mais justo
Uma
essência dos povos antigos
De
estar de estrela e mais juntos
Somos
como barcos, eu quase sei
Somos
barcos que somamos
Os
que vão sem a pressa da bolsa
Mesmo
levando de um lado pro outro
Os
ombros que a tudo constroem
E
o tempo do tempo dos pássaros
Vai
rodeando, enquanto sonhamos
Somente
enquanto sonhamos...
Geslaney Brito
Geslaney Brito
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
DO CHEIRO
(Iara Assessú)
A
sensibilidade que explode os poros
Exala um
perfume de calma infância
Alma infância passadista
Louca como
a mão certa
Larga como
a mãe gorda
Que pouco faz
do mundo
Mesmo quando
ainda carrega...
A magoa do
tempo é pouco
Um pouco que se sucede
Dentro de
uma força tão bruta e lilás
Que só faz
parar o mundo pra gritar
Aos vagabundos que nascem
Como trevo
de três folhas, não secam no caderno...
Se
reproduzem numa eternidade qualquer
Escalando as
paredes da casa
Com suas
almas passageiras
Aguardam o
momento de se adentrarem no pipoco...
Infância tem
cheiro de lápis de cor!
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