sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Engenho


                                                                  (Ao amigo Tatá)

Engenho novo engendra outros...
Empenho-me em compreender os novos
Novo dia, nova invenção, novo ovo
Porção de tempo maturando-nos
Somos como hera, eu quase sei
Quase sei do mecanismo que passa
Sem os arranhos, sem as ferrugens
Não se aplica às engrenagens
Não é o tempo capital - esse que range
É o tempo do tempo que pássaro
Que asa sem pressa, sem comprimir
Vai querendo ir e ri dos que vão correndo
Corre sem se aleijar dos joelhos
Enquanto isso a cidade se pica
Pica-se de crescimento sem vôos
Sem ver as cacundas do entorno
Sem ver quem coaduna com praça
Periferia que engendra existência
Relógio sem pilhas, radinho de venda
Balcão e trabalho e passado e quereres
Um tempo que passa sem o dinheiro
Novo dia, nova ilusão, novo ovo
Novo engenho; estar muito mais justo
Uma essência dos povos antigos
De estar de estrela e mais juntos
Somos como barcos, eu quase sei
Somos barcos que somamos
Os que vão sem a pressa da bolsa
Mesmo levando de um lado pro outro
Os ombros que a tudo constroem
E o tempo do tempo dos pássaros
Vai rodeando, enquanto sonhamos
Somente enquanto sonhamos... 


Geslaney Brito




Nenhum comentário:

Postar um comentário